Visita solidária dos Missionários Passionistas ao Pe. Júlio Lancelotti em São Paulo

No verão de 2024, manhã do dia 12 de janeiro, uma sexta-feira chuvosa, estivemos visitando o icônico Padre Júlio Lancelotti. Homem que transmite a presença de Deus no olhar, na fala e, sobretudo, nos gestos. Chegamos num grupo de pessoas passionistas (Pe. José Carlos, Pe. Fonseca, Sandra, leiga Passionista de Osasco, Eliene, de Colombo/PR, Irmã Cláudia e Irmã Kelly, passionistas). Lá encontramos também duas leigas do Instituto Missionário Secular da Paixão, da Bahia, que trabalharam com Santa Dulce dos Pobres, santa que Pe. Júlio tem profunda admiração e que mantém uma estátua dela bem na entrada da igreja. A imagem descansa tranquila num banco logo na entrada da igreja. Pessoas que vivem na rua sentam ao seu lado e forma um quadro revivido daquilo que Santa Dulce fez e que Pe. Júlio continua a fazer enquanto Deus lhe der forças.

A paróquia São Miguel Arcanjo é modesta. Comporta poucas pessoas, mas, apesar do horário e do dia chuvoso, estava cheia. Cheia de pessoas que simpatizam com o trabalho do padre, que atuam em pastoral similar ou que foram lá para dar-lhe apoio diante do turbilhão de acontecimentos negativos que insistem em atingi-lo não é de hoje. No entanto, ele segue firme, apesar da debilidade física e da aparência cansada. A missa era 7h da manhã e, às 6h30 ele já chegava de avental, empurrando um carrinho de mão que depois da missa serviria para levar o café, o leite e os pães aos moradores de rua. Ele nos acolheu fraterna e modestamente. Levou-nos para mostrar seu acervo. Um quartinho repleto até o teto de doações recebidas. A maioria, imagens de santos. Alguns recolhidos pelos moradores de rua e restaurados por ele. Outras, peças históricas, também encontradas no lixo. Dentre as imagens e outras doações, os prêmios que recebeu. Dentre eles, o prêmio “Juca Pato”, prêmio literário brasileiro concedido a grandes intelectuais recebido em 2022. Mostrou os santos que ele tem profunda admiração e veneração, dentre eles, santa Gemma Galgani. Demonstrou conhecer bem os santos passionistas, inclusive São Paulo da Cruz, e disse que sua força vem dos crucificados de hoje e que Paulo da Cruz lhe inspira na missão. Ao ouvir isso, senti-me em casa. Estava diante de um autêntico passionista, de coração, alguém que vive profundamente nosso carisma e missão, não importando as cruzes que tem que enfrentar.

Levamos a ele uma sacola com as cruzinhas que o Pe. Mateus Colucci confeccionava em Cascavel/PR. Explicamos a história dela e, no final da missa, ele as distribuiu uma para cada participante da missa. Eles se alegraram por receber das mãos de um homem repleto de santidade aquela relíquia feita por outro quase santo.   

Após a missa ele nos convidou para acompanhá-lo até o local, a duas quadras da igreja, onde já o esperava uma fila com mais de trezentas pessoas em situação de rua que aguardavam ansiosamente o café. Ali alguns dos nossos se dispuseram a auxiliar na distribuição. Eram tantas pessoas que lembrei da passagem da multiplicação dos pães, pois as caixas de pães pareciam não conter o suficiente para tanta gente. Entretanto, todos comerem e ficaram satisfeitos e ainda sobrou, não “doze cestos”, mas uma quantia suficiente para comprovar que quando partilhamos o pouco se multiplica e o milagre acontece.

Sugiro que visitem Pe. Júlio Lancelotti. Ali recobramos nossas esperanças e reavivamos nosso carisma. Que Deus o fortaleça nessa missão e que cessem as perseguições. 

Pe. José Carlos Pereira, CP