Meditemos sobre este ato: recordar. Recordar significa “trazer de volta ao coração”, re-cordar, voltar a pôr no coração. Aquele homem, crucificado com Jesus, transforma uma dor extrema numa oração: “Leva-me no teu coração, Jesus”. E não o pede com a voz agonizante de um derrotado, mas num tom cheio de esperança. Tudo o que deseja o malfeitor que morre como discípulo da última hora é um coração hospitaleiro. E isto é tudo o que lhe importa, agora que está nu diante da morte. E o Senhor, como sempre, ouve a oração do pecador, até ao fim. Trespassado pela dor, o coração de Cristo abre-se para salvar o mundo – é um coração aberto, não fechado –: acolhe, moribundo, a voz dos moribundos. Jesus morre conosco, porque morre por nós.