Mais um encontro Vocacional Online

No último dia 18 de maio de 2023 aconteceu de forma remota (online) o encontro vocacional com os jovens da região Sudeste  e Nordeste.

O encontro contou com a presença de 11 jovens, que puderam meditar, rezar e partilhar o tema: “Maria, vocacionada a Paixão”.

MARIA, VOCACIONADA À PAIXÃO

Cl. Francisco Maria da Esperança, CP

            Desde os primórdios da Igreja, a pessoa de Maria tem grande expressividade. Não poderia ser diferente na congregação Passionista e com seu fundador São Paulo da Cruz. Aliás, foi numa inspiração mariana que São Paulo da Cruz se sentiu impulsionado a tomar a túnica preta e fundar o que hoje se chama Congregação da Paixão de Jesus Cristo.

Maria na história da Congregação

            A história de São Paulo da Cruz que chega até nós dá testemunho de sua grande devoção e amor a Maria. Mas, de onde, ou de quem, veio esse amor e essa devoção? O livro Evangelizador e Místico São Paulo da Cruz, do religioso Passionista Adolfo Lipe, CP, já logo no início fala da grande relação de amor e cuidado que o então Paulo Danei teve com sua mãe, Ana Maria Massari.

            A vida de Paulo da Cruz e o início da congregação foram marcados por momentos marianos. Ainda criança, conta a história, Paulo e seu irmão João Batista foram salvos de um afogamento pelas mãos de Nossa Senhora. Após tempos de dúvidas e buscas, em 1720, Paulo sentiu uma iluminação interior: viu Nossa Senhora vestida com uma túnica preta e, a partir de então, é esclarecido sobre sua missão. Em novembro do mesmo ano ele se reveste daquela mesma túnica preta, um dia após a festa da apresentação de Maria no Templo. Particularmente Paulo gostaria de tomar o hábito no dia da Apresentação de Maria no Templo, título ao qual ele demostraria muita devoção; uma vez que lembra a entrega total de Maria ao Senhor. Mas como devoto do Paixão, resolveu revestir-se na sexta-feira deixando a quinta, dia 21 – dia de Nossa Senhora da Apresentação – para recitar o rosário com a família, despedir-se desta e pedir a benção de seus pais.

            Em 1721, após a tentativa frustrada de falar com o Papa, se direciona à Basílica de Santa Maria Maior e, diante do quadro da Salus Populi Romani, sentiu que deveria fazer, e fez, um voto especial de promover a Paixão no coração dos fiéis e reunir companheiros para ajudá-lo em sua missão. 

Após muitos desgastes para a construção da primeira comunidade, Paulo a coloca sob o patrocínio de Nossa Senhora da Apresentação. A esta devoção mariana confiará também a primeira província e o primeiro mosteiro. Segundo o texto da fórmula da emissão dos votos, segundo as regras de 1775, o então noviço fazia voto a Deus e à Bem-Aventurada sempre Virgem Maria.

Segundo esta mesma regra, os clérigos deveriam “venerar com o devido amor a Bem-Aventurada Mãe de Deus; [elegê-la] como principal padroeira e [lembrarem-se] frequentemente das acerbíssimas dores que padeceu na Paixão de seu Filho e promover sua devoção com palavras e com o exemplo”. E ainda, todos os dias, antes de dormir os clérigos deveriam ir à capela do convento para recitarem o terço da Bem-Aventurada Virgem Maria e as antífonas da Imaculada Conceição.

No leito de morte, Paulo afirma morrer feliz porque suas “esperanças estão postas na Paixão santíssima de Jesus Cristo e nas Dores de Maria Santíssima”. E por fim, em seu testamento espiritual, coloca sob o manto da Rainha dos Mártires todos os seus filhos espirituais. Tudo isso sem falar nas inúmeras vezes que Paulo falou sobre Maria em suas cartas. Se as regras antigas elevam a figura de Maria, as novas regras, de 1984, não ficam para traz: segundo estas, Maria é modelo para a vivência dos conselhos evangélicos, e de modo especial na guarda da castidade e na vida de oração.

Maria

 Na plenitude dos tempos Deus, através do anjo Gabriel, chamou a mulher já escolhida desde toda eternidade e profetizada ainda no Gênesis, para realizar a missão que para ela foi sonhada.

Maria desempenhou, em termos familiares, aquilo que corresponde à mãe de família. Por ela, o Filho de Deus se fez gente; por ela, o Filho de Deus foi cuidado, educado; e por suas instruções, junto às de José, Jesus cresceu em sabedoria, idade e graça (Lc 4,52). Como diz Pe. Zezinho, por ela Jesus falou, andou…

Obediente a Maria (Lc 4,51), Jesus foi obediente ao Pai; ouvindo Maria (Jo 2,3-5), Jesus ouviu a voz do Pai; e por fim, já na cruz, não quis que sua mãe fosse apenas sua, mas estendeu tal maternidade a todos que se colocarem como filhos (Jo 19,26-27).

Foi pela entrega de Maria ao Pai que o Filho se entregou à humanidade, para assim a humanidade ser novamente entregue ao Pai. Como se reza no símbolo apostólico “por amor a nós, homens, e para a nossa salvação, desceu do céu e se encarnou no seio da Virgem Maria”. Em Maria e por Maria aconteceu a integração entre humanidade e divindade.

Por fim, faz-se necessário salientar a figura de Maria como exemplo. Em primeiro lugar por sua FÉ pela qual Maria aceitou a vocação que o Senhor lhe dava (Lc 1,38). Ao lado da Fé, ela é igualmente exemplo de HUMILDADE, uma vez que todas as gerações lhe chamarão de Bem-Aventurada em razão de Deus ter visto sua Humildade (Lc 1,48).

É pela humildade que Maria se abre à vocação que Deus lhe deu. Fiel e humilde, Maria tornou-se a grande vocacionada do Pai.

Ela é o grande exemplo de vocacionada; de quem se deixou guiar pelo Espírito e por quem Deus fez maravilhas. Aceitando sua vocação, Maria foi, e continua sempre sendo, esperança para o mundo, pois a este trouxe o Filho de Deus.

Por mais que ela seja a grande vocacionada, ela não é a vocacionada exclusiva: todos temos, cada um, sua vocação, para desempenhar na terra alguma missão em nome de Deus, a colaborar, como Maria colaborou, na obra da salvação e, se na salvação, também na Paixão. Neste caso, sendo hoje Memória Viva e encarnada no amor de Deus pela humanidade, expresso de forma máxima na Paixão de Cristo, lembrando-a do amor que Deus tem para com cada um, pois, este é o “o remédio mais eficaz para todos os males”, como proclamou São Paulo de Cruz e hoje proclamam seus filhos espirituais, os Passionistas, sendo, assim, esperança para o mundo tão ferido pelo pecado e pelo esquecimento do Amor de Deus.

FONTES:

COMPÊNDIO DO VATICANO II. Constituições, decretos e declarações. Opus Dei em Portugal. Edição do Kindle.

LIPPI, A. Místico e evangelizador São Paulo da Cruz: Mestre da Santidade para hoje. Tradução de Porfírio Sá. Porto: Clássica Artes Gráficas, 2015. (Edição Brasileira, 2020).

ODORÍSSIO, M. A Oração de e em São Paulo da Cruz. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

REGRAS E CONSTITUIÇÕES DA CONGREGAÇÃO DA PAIXÃO DE JESUS CRISTO. [s.l.]: [s.n.], 1993.