Itaboraí/RJ: Santuário celebra mais de 50 anos do fenômeno da Imagem do Cristo Crucificado que sangrou

Há 55 anos a imagem centenária de Cristo Crucificado, da pequena Igreja Nossa Senhora da Conceição, começou a sangrar e o fenômeno levou o povoado (Porto das Caixas) de Itaboraí/RJ, distante 60km do Rio de Janeiro, a ganhar as manchetes  dos principais jornais do país e do mundo.  Foi na noite da sexta 26 de janeiro de 1968, durante a celebração de um tríduo vocacional rezado pelo Padre Carlos Guillena, em intenção das vocações sacerdotais escassas  na Arquidiocese, que o fenômeno aconteceu.  Logo  após concluir a cerimônia religiosa, no segundo dia, um  coroinha, como de costume, foi apagar as velas do altar e verificou que a imagem de Jesus, ao centro, do nicho principal, escorriam gotas de sangue das Chagas: as duas mãos, os dois pés e também da coroa de espinhos.

O fenômeno logo foi se espalhando e atraiu diversas pessoas, crentes, incrédulos e curiosos que buscavam está diante da imagem para enxergá-la e senti-la. Foram milhares de peregrinos do mundo inteiro em busca da Imagem do Cristo que sangrou. Atualmente o Santuário recebe diversas romarias e ainda hoje são relatados e registrados milagres e graças recebidas pelos peregrinos. 

Em 26 de janeiro de 2018, quando se celebrava cinquenta anos do milagre, a igrejinha de Porto das Caixas foi elevada canonicamente com o título de Santuário Arquidiocesano de Jesus Crucificado e está sobre a proteção e zelo dos religiosos missionários Passionistas. Saiba mais sobre os Passionistas

Entenda a História… (artigo publicado na Revista Manchete Rio)

Reportagem de Wilson Teixeira Soares

No dia 26 de janeiro de 1968, durante uma discreta cerimônia religiosa na Igreja Nossa Senhora da Conceição de Porto das Caixas, uma imagem de Jesus Crucificado começou a sangrar. O fato repetiu-se várias vezes – e muitos milagres foram feitos. Enquanto as autoridades eclesiásticas estudam o assunto, os fiéis começam as romarias de Itaboraí num santuário de fé e devoção.

Na noite de 26 de janeiro de 1968 ocorreu um fato que talvez coloque Porto das Caixas no roteiro turístico religioso do mundo inteiro, ao lado de Lourdes, Fátima e outros famosos santuários. O Padre Carlos Guillena rezava um tríduo em intenção das vocações sacerdotais escassas em todas as partes, principalmente em Itaboraí e suas adjacências que nunca tiveram a honra de terem um filho dedicado ao serviço do Senhor.

No segundo dia do tríduo, após o serviço religioso, o coroinha Niromar foi apagar as velas do altar e verificou que as imagens de Jesus, ao centro, do nicho principal, escorriam gotas de sangue dos cinco lugares perfurados durante a crucificação: as duas mãos, os dois pés e o lado do coração, Sem contar é claro o sangue da coroa de espinhos. O coroinha entrou esbaforido pela sacristia e comunicou ao sacerdote que a imagem estava sangrando, que saia sangue até pela boca – exagero que mais tarde ficou por conta e risco do próprio coroinha: não há notícia, na história das imagens milagrosas, de um Cristo que tivesse hemoptises. O padre Carlos Gillena recusou-se a prestigiar a informação do coroinha e nem quis voltar ao altar, para ver (ou não ver) o que estava acontecendo. Mas o coroinha insistiu e o padre acabou cedendo. Cedeu, mas não acedeu em reconhecer o milagre. Preferiu não confiar naquilo que via.

Da imagem feita com uma espécie de papelão com cola, escorria sangue das partes esfoladas. Na tradição dos santeiros barrocos, o sangue sempre fez parte das imagens de Jesus Crucificado. Em Portugal e em Minas Gerais, os artistas chegavam a colocar rubis no meio das chagas e das partes sangradas, para aumentar o realismo da agonia de Cristo. Mas o padre Carlos Guillena não queria saber de nada: viu o sangue, mas não acreditou. E antes que houvesse barulho por causa daquilo, tratou de fechar a Igreja e de pedir silêncio sobre o fato. Mesmo assim por desencargo de consciência mandou que o coroinha enxugasse a imagem, pois talvez o papelão estivesse se desintegrando fazendo a cola se escorrer manchada com os corantes usados pelo escultor da imagem. Tomadas tais e tantas providencias, o padre foi embora, certo de que havia cumprido com seu dever.

Mas os coroinhas ali ficaram, sem funções não tão bem definidas e, por isso mais amplas. E foram eles que trataram de espalhar a boa nova. O Jesus Crucificado da Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Porto das Caixas estava sangrando. Um dos meninos José Francisco subiu a escadinha na parte traseira do nicho e passou a mão pela imagem sangrada. Depois saiu correndo e foi mostrar aos pais. Imediatamente a pequena vila tomou conhecimento do fato – e logo acreditou nele. Uma senhora que era dada à macumba, especialista em despachos e mandingas foi até a Igreja e também passou a mão pela imagem. Depoimento de Célia Carvalho, a macumbeira: “o sangue era morno e pegajoso” converteu-se ao catolicismo deixando a macumba para sempre.

Nos setores espiritas da cidade, os milagrosos efeitos da imagem foram encarados de outro modo. No centro espírita Santo Antônio, foi dado o seguinte depoimento: “Nem eu nem meu marido vamos revelar os nossos nomes, pois não queremos barulho para o nosso lado. Não desejamos nada com esta história de milagres. Todo mundo aqui diz que o Cristo da Igreja sangrou. Se sangrou, muito bem. Se não sangrou, azar. ” A princípio a história parecida que ia ficar confinada a Porto das Caixas, a uma lenda local, entre muitas existentes em diversas partes do mundo. Mas começaram os milagres e as graças.

Um habitante da região de nome Osvaldo, alcançou uma graça e mandou construir uma capela anexa, em louvor ao Santíssimo Sacramento. De diversas partes do Estado e do Brasil começaram a surgir devotos, alguns para pedirem favores, outros apenas para verem se houve ou se há realmente milagre. Entre esses, figurão arcebispo de Diamantina, D. Geraldo de Proença Sigaud, que foi até Porto das Caixas acompanhado de parentes que desejavam visitar a imagem. O arcebispo nem sequer quis entrar na Igreja, mas depois reconsiderou e foi ver o Jesus Crucificado. O seu depoimento está hoje impresso num quadrinho emoldurado, na sacristia da Igreja. Diz o seguinte: “Aproximadamente no dia 15 de janeiro de 1970 fui a Porto das Caixas visitar a Igrejinha onde o povo afirma ter jorrado sangue. Confesso que não estava convencido da realidade do milagre. Fui lá pra levar parentes meus que desejavam rezar. Quando subiram as escadas para ver o Cristo de perto, não o fiz, mas depois refletindo melhor resolvi subir também. Examinei-o respeitosamente. Quando me inclinei para ver melhor a mancha que há no pedestal da Cruz, senti um forte cheiro de sangue. In “fide episcopi” atesto este fato que me parece provar a autenticidade do prodígio do sangue derramado pela imagem. Embora o responsável direto pela paroquia de Porto das Caixas seja o arcebispo de Niterói, cuja jurisdição abrange Itaboraí, o depoimento de um prelado de diocese estranha, que apela para seu testemunho de bispo (in fide episcopi), tornava a acontecimento digno de maiores estudos, além disso o Laboratório de Análise Clinica de Dr. Enéas Heringer, de Itaboraí, retirou material da imagem para fazer um exame e o laudo figura numa prancheta que se vê na nave da Igreja. Tem o número 4.380/68 e diz: “Tendo sido solicitado pelo Padre Carlos Guillena da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Porto das Caixas de Itaboraí para analisar diversas manchas, idênticas as de sangue, da referida paróquia, chegamos a seguinte conclusão: as pesquisas realizadas evidenciaram tratar-se realmente de sangue, cuja origem e espécie fogem a nossa responsabilidade técnica.” A frase final do laudo “cuja origem e espécie fogem a nossa responsabilidade técnica. “Provocou muita polêmica nos meios religiosos e médicos da cidade. Afinal, tudo podia ser uma farsa montada por um espírito maquiavélico ou ingênuo. A Dra. Maria Angélica que acompanha os fatos relacionados com o milagre e que já escreveu um livro, Jesus Crucificado do Porto das Caixas, diz que é impossível a uma análise apontar o grupo sanguíneo de um material depois de o sangue ter coagulado, Ainda segundo a doutora o material examinado não continha nenhum anticoagulante – o que é um dado a favor da autenticidade do milagre. Todos esses fatos e outros que não deixaram registro nem memoria, obrigaram o responsável maior pela Arquidiocese, o Arcebispo de Niterói Dom Antônio almeida Moraes Junior, a inaugurar durante a festa do Sagrado Coração, em 1969, um grosso caderno chamado Livro de Depoimentos para registro das Graças alcançadas por intermédio de Jesus Crucificado de Porto das Caixas. E a primeira graça registrada é a de N.S.S datada de 09 de junho de 1969: “Meu Senhor eu agradeço a minha cura. Estava com uma crise de soluços motivada pelo nervosíssimo. Eu já não tinha mais sossego. Vim aos pés do Senhor pedir com fervor e fui aceita. Estou totalmente curada.

A tradição eclesiástica faz uma distinção entre graça e milagre. Certas curas, como as de câncer, cegueira congênita, etc. podem serem consideradas como milagrosas uma vez atestada por autoridade médicas e eclesiásticas. Mas a maior parte das curas podem ser atribuídas a parapsicologia e são registradas como simples graças. De qualquer forma a cautela da Igreja em reconhecer um milagre é tanta que muitos consideram que há exagero da parte dela em admitir a intervenção do sobrenatural na vida dos homens. Muitos candidatos a beatificação e a canonização passam as vezes séculos, realizando graças e milagres, mas sem convencerem as autoridades religiosas.

Em Roma atualmente o movimento pro canonização do Papa Joao XXIII atravessa uma fase de quase desespero, pois já foram atestados e reconhecidos diversos milagres atribuídos aquele papa e o processo de sua beatificação continua parado, aguardando sempre e cada vez mais novos fatos e milagres. E não se pode falar apenas em interesses pessoais no caso dos fatos milagrosos. Nos assentamentos da Igreja de Porto das Caixas figura o depoimento de uma pessoa categorizada (um engenheiro) que ali não foi solicitar favor nenhum. Trata-se de Miguel Penido Rocha, de 26 anos – ele visitava a Igreja por curiosidade, levado por amigos quando sentiu uma coisa estranha que o envolvia, ficou num estado de transe, no qual gostaria de ter permanecido pelo resto da vida, Em seu depoimento conta ele que ‘foi arrastado e levado até a imagem. E quando a olhou, não viu uma simples imagem. “Estou louco “pensei”. De repente começou a brotar do ombro de Jesus Crucificado um líquido viscoso, semelhante ao que sai das feridas que sangram durante muito tempo. “Cinco anos depois da noite do primeiro milagre e depois que a arquidiocese competente tomou conhecimento dos fatos 9 o que faz supor um breve pronunciamento oficial da própria igreja) a notícia da imagem que sangra em Porto das Caixas ganha mundo. Reportagens publicadas em Portugal, Espanha, França, Canadá e Índia provocam cartas de leitores pedindo informações. O prefeito de Itaboraí, Francisco Neves da Silva – mais do que o Vigário de Porto das Caixas – está providenciando facilidade de acesso até o distrito onde o milagre na certa atrairá cada vez mais um número maior de peregrinos. Se as autoridades eclesiásticas admitirem oficialmente que a imagem de Jesus Crucificado sangrou um dia – ou continua sangrando – de forma milagrosa, muito breve Porto das Caixas poderá se transformar num do santuários mais concorridos e famosos do mundo religioso.

Revista Manchete Rio 1118 de 22 de setembro de 1973. 

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