História, conquistas e desafios dos cem anos da presença da Congregação Passionista no Rio de Janeiro

Consta que o Cardeal Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti convidara, anteriormente, os Passionistas a se estabelecerem em sua Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Em 25 de agosto de 1923, o seu bispo coadjutor, Dom Sebastião Leme, esteve em São Paulo e numa reunião com os padres Faustino Mascagna, Candido Ghiandoni e Damaso Trani foi resolvida a fundação no Rio de Janeiro.

Em 5 de setembro de 1925, a Cúria da Arquidiocese do Rio de Janeiro fez um pedido à Cúria Geral dos Passionistas.

Após enviar o padre Inácio Constanzo e o irmão Lucas Garcia Ramirez ao Rio de Janeiro, em busca de um lugar, o padre Faustino se dirigiu a Roma para levar o pedido e para obter a devida autorização.

Andaraí

Na Rua Barão de Mesquita, 763, havia uma igreja rústica e antiga de São José e Nossa Senhora das Dores, que pertencia à irmandade do mesmo nome, julgando que lá poderia se estabelecer. Em 4 de outubro de 1923, expediram ofício à Cúria Metropolitana, pedindo autorização de fixar residência junto daquela ermida. Com grata surpresa, no dia seguinte, receberam despacho favorável assinado por Dom Carlos Duarte Costa, vigário geral.

Esse local pertencia à Irmandade de São José e Dores. Consistia numa igrejinha com uma pobre casa adjacente que tomava quase todo o terreno e onde se hospedava o sacristão.

Segundo um relatório da irmandade impresso em 1874, a igreja fora iniciada em 1872. De estilo barroco colonial, aparecia graciosamente esbelta por estar situada no alto, realçando-lhe a fachada, duas torres construídas de material duradouro. Se fora conservada, seria, hoje, altamente apreciada como grata evocação do passado. Não consta a data em que foi demolida.

Tomada de posse

Em 9 de outubro de 1923, o padre Candido Ghiandoni e o irmão Lucas Garcia Ramirez tomaram posse do local. Estava presente o padre Lourenco Serafini, vindo de São Paulo. O padre Candido refere que se alojaram no compartimento da sacristia e que em meio de tanta estreiteza, não faltou a mais expansiva paz e alegria.

No ano seguinte, a comunidade estava assim constituída: padre Eduardo Bodrini, superior, padres Sigismundo Palma e Inácio Constanzo e o irmão Lucas Garcia Ramirez.

Compra do terreno

Em 29 de setembro de 1928, a Congregação Passionista comprou do casal Joaquim Ferreira e Ida Goncalves o terreno anexo. Em 1953, parte do terreno foi vendido.

Nova casa

A nova casa passou a ser habitada pelos religiosos na vigília de Natal de 24 de dezembro de 1942. A nova casa foi construída juntamente com a igreja. Tudo se deve ao incontido zelo do padre Inácio Constanzo durante sua gestão de superior. Deve ter sido um trabalho muito árduo e penoso, pois, mais tarde, recordava, emocionado, as peripécias e sacrifícios suportados na execução de tais obras.

A nova igreja

A igreja teve início em 1938. Para custear seu andamento, o padre Inácio distribuiu, entre os fiéis, talões de contribuição mensal.

A primeira pedra foi lançada em 15 de abril. Em três anos foi construído o presbitério. Em 1945, ficou pronta a primeira parte do cruzeiro. Em 1949, deu-se a inauguração da igreja, embora não de todo concluída. Uma das torres foi inaugurada em 26 de maio de 1955 e a outra em 14 de julho do mesmo ano. Ambas, porém, tiveram sua altura reduzida. A abóbada, que daria ao templo um ar de maior suntuosidade, não foi executada.

A paróquia

Desde que os religiosos tomaram posse da Igreja São José e Nossa Senhora das Dores, era intenção de Dom Sebastião Leme elevá-la à paróquia.

Durante anos, porém, os padres recusaram tal oferta, especialmente influenciados pelo padre Candido Ghiandoni, que alegava ser a atividade paroquial contrária às constituições da congregação.

Em 1965, os padres fizeram a solicitação da criação da paróquia ao Cardeal Jaime Leme Câmara, que, em vista dos trabalhos dos religiosos em prol daquele povo, dirigiu-lhes o pedido criando a Paróquia São José e Nossa Senhora das Dores.

Ereção da paróquia

Ao entardecer do dia 31 de maio de 1965, estava a igreja festivamente cheia. O espaçoso templo lotado, notando-se a presença de autoridades presentes de sacerdotes vizinhos, além da comunidade religiosa constituída pelos padres Romualdo Rausis, Roberto Cabrini, Gabriel Negrão, Jeronimo Mocelin e Valdemar Cemin.

Às 20h em ponto, recepcionaram o Cardeal Jaime de Barros Câmara, arcebispo do Rio de Janeiro. Por motivos de saúde, o arcebispo deu imediatamente posse ao pároco e, após lidas e assinadas as atas, se retirou.

Os padres deram continuidade à celebração. Após a celebração da missa, o pároco e os demais receberam os cumprimentos dos fiéis. A seguir, no salão foram recepcionados os padrinhos e benfeitores da nova paróquia com a presença de um representante do cardeal.

Casa de noviciado

Em 1973, essa casa sentiu um grande alento, por servir de noviciado. Vida nova, esperança. Foi no dia 6 de janeiro, em singela cerimônia na sala de recreação, que o provincial, padre Arthur Somensi, deu abertura ao noviciado, tendo por mestre o padre Boaventura Mansur Guerios. A profissão religiosa se efetuou na missa do ano seguinte, e o noviciado foi transferido para São Carlos.

Teologado

De 1975 a 1977, a casa sentiu falta dos noviços que lhe davam animação e alegria. Porém, no início de 1978, ela recobrou alento com a vinda de diversos teólogos que, além de frequentar a PUC-Rio, exerciam atividades pastorais, atendiam o expediente paroquial e em Porto das Caixas orientavam os peregrinos que visitavam o Santuário Jesus Crucificado.