Entre os dias 27 e 30 de julho as Pontifícias Obras Missionárias (POM) em comunhão com o Conselho Missionário de Seminaristas (COMISE), e com toda Igreja do Brasil, promoveram a 12ª Formação Missionária para Seminaristas (FORMISE). Foram dias de formação e convivência com seminaristas, diocesanos e religiosos, de todo país; além da participação de religiosos, diáconos, padres e bispos, e a Ir. Regina da Costa Pedro, PIME, diretora Nacional das POM. O encontro aconteceu na diocese de Jundiaí-SP. Sob o tema: “Ide! Da Igreja local aos confins do mundo”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho (Lc 24, 32-33)”, foram refletidos vários temas com a assessoria de vários nomes, como Pe. Júlio Lancellotti, Pe. Antônio Maria, Dom Vicente Costa, SCJ, bispo emérito de Jundiaí, Ir. Regina da Costa Pedro, PIME, Pe. Antônio Niemiec, CSsR, Dom Maurício da Silva Jardim, bispo de Rondonópolis-MT. Da Congregação da Paixão de Jesus Cristo participaram Francisco Maria da Esperança, Pe. Francisco das Chagas e Dom Luiz Fernando Lisboa, CP, bispo de Cachoeiro de Itapemirim-ES.
Logo na abertura, Dom Arnaldo Carvalheiro Neto, bispo de Jundiaí-SP, abriu sua reflexão partilhando uma experiência recente, quando em pleno domingo, na avenida Paulista, se perguntava sobre como evangelizar aquelas pessoas, jovens e adultos. A maioria expressava suas artes musicais em letras que falam de justiça, paz, bondade, amor… características do Reino. Com isso o bispo já identificou um princípio básico de evangelização que, embora óbvio, segundo ele, precisa ser dito: “a evangelização tem por objetivo levar Jesus e partir dos pontos comuns que há entre os anseios pessoais e as características do Reino proclamado por Jesus”.
No segundo dia, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, bispo auxiliar de São Paulo, iniciou sua participação falando que a “vocação é graça e não merecimento”, e por isso nunca deve ser “profissionalizado e instrumentalizada”, tendo como início e centro a pessoas de Jesus e como interlocutores Deus e o coração humano, a verdadeira vocação combina a “graça divina com a vontade humana”.
Depois entrou em cena o Pe. Júlio, com um discurso profético e muito provocador. Logo no início, corrigindo a letra de uma música, dizendo que Deus “não está no infinito, nem no céu, nem no mar, mas no irmão” e justificou a importância dessa correção, uma vez que “quem procura no lugar errado não encontra”. Durante toda sua fala repetiu algumas vezes a expressão mais repetida na Sagrada Escritura “não tenhais medo”, já que “a missão coloca o missionário onde ninguém quer estar; além de ser rejeitado quem está do lado dos rejeitados, indesejado quem está do lado dos rejeitados…, mas não lutamos para vencer, e sim para sermos fieis”. Em consequência defendeu que a evangelização não deve ser por proselitismo, mas pela atração do testemunho. “Na missão seguimos Jesus, mas às vezes, na vida, queremos segui-lo como a ‘carreiro segue o cavalo’ o que é nocivo à missão, tirando-lhe o espírito e a identidade”.
Dom Luiz Fernando, CP, iniciou sua participação dizendo que a “Igreja nasce na missão, do envio: primeiro do envio de Jesus, depois do envio dos apóstolos”. “A missão é mãe da Igreja e da Teologia e, se “a igreja nasce em saída”, não pode ficar parada, assim perderá sua identidade. A missão, portanto, não é parte, dimensão nem muito menos atividade da igreja, mas a “igreja é missão”, o que justificou em vários documentos do magistério, além da tradição bíblica. Depois concluiu sua fala testemunhando a experiência vivida em Moçambique. Falou das dificuldades, mas proclamou as alegrias vividas nos anos em que se doou na missão da Igreja.
O Pe. Antônio, missionário polonês que vive no Brasil há mais de trinta anos, falou sobre os vários trabalhos desenvolvidos pelas Pontifícias Obras Missionárias. A Ir. Regina apresentou o texto base e abriu as reflexões sobre os congressos Missionários que estão para acontecer ainda este ano em Manaus, entre os dias 10 e 15 de novembro; e no próximo ano em Porto Rico, entre os dias 17 e 24 de novembro.
Por fim, foram dias intensos de reflexão nos quais, quase como mantra, se repetiu que a “missão não é parte, mas natureza e essência da Igreja” e por isso é de salutar importância para a vida da Igreja. Por isso a necessidade de “soprar as brasas” para que saiam as cinzas e fique a brasa que faz arder o coração e por os pés a caminho.
Texto: Cl. Francisco Maria da Esperança, cp